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dear colleagues,
i borrow from the library of my university (universidade federal de
santa catarina - brasil) a book by Félix Guattari & Suely Rolnik called
"Micropolítica: Cartografias do Desejo" (Micro-Politics: Cartographies
of the Desire) and i found in it something i thought would be very
important for the ones who want to consider a perspective of work from
Deleuze & Guattari writings. The passage is the transcription of a
question from an informal conversation among Guattari and other people
(brazilian and unidentified) in São Paulo on September 8th 1982.
Somebody asks Guattari the following question:
"No trabalho que você e Gilles Deleuze fazem há uma coisa que me
irritaum pouco: vocês sempre se colocam como quem elabora uma espécie de
filosofia... não sei bem se anti-sitêmica ou a-sistêmica. Em alguns
momentos tenho a impressão de que ela é na verdade a-sistêmica - isto é,
não há nenhum empreendimento de totalização, mesmo porque a totalização
seria até impossível. Em outros momentos tenho mais a impressão de que
se trata de um anti-sistemismo, uma anti-sistematização, mas que ainda
assim é filosofia. Não sei se você está entendendo: o que quero dizer é
que, efetivamente, há uma espécie de liquidação da dialética. Vocês
dizem: 'A dialética não nos permite mais pensar ou, só nos permite
pensar por imagens - é exatamente esse pensamento por imagem que é
preciso superar'. Mas tenho a impressão de que, apesar disso, a
dialética se reintroduz de vez em quando e acaba-se fazendo uma espécie
de anti-sistemismo (o que seria o avesso de um sistema) - e continuamos
no sistema.
Guattari: "Sobre esse ponto, particularmente, não posso responder por
duas pessoas. Há dois tipos de funcionamento de desejo, muito diferentes
um do outro, nesse processo de escrita com Deleuze. Deleuze é um
filósofo, eu não sou filósofo. Eu monto sinais referênciais, eu ensaio
golpes como quem tenta dar golpes em bancos - eu me aventuro em manobras
de expressão num determinado contexto, numa detrminada situação. Depois,
abandono tudo isso e vou fazer outra coisa, há com certeza um desejo
filosófico em Gilles, que não se inscreve absolutamente na tradição da
história da filosofia, mas que participa de um território filosófico -
em todo caso, os filósofos sãoda família de Deleuze, e não da minha.
Então creio que esse aspecto de anti-sistemismo sistemático - se é que
entendi direito - é antes um fato de escrita, um fato de criação: essa
dimensão de obra de arte que o trabalho com Deleuze sempre ganha.
Portanto, em última instância, tenho vontade de te dizer que essa
questão não me diz respeito. Não sei se tua irritação continua..."
I don't know if this book have been translated into English. Anyway as i
said, it's very important to take into consideration before somebody
decides to write or speak about the work of Deleuze & Guattari, i think.
i'm sorry for posting it in Portuguese but to translate it would give me
a lot of work and i would like to share it with you at once.
bye
Rodrigo Borges de Faveri
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<HTML>
dear colleagues,
<P>i borrow from the library of my university (universidade federal de
santa catarina - brasil) a book by Félix Guattari & Suely Rolnik
called "Micropolítica: Cartografias do Desejo" (Micro-Politics:
Cartographies of the Desire) and i found in it something i thought would
be very important for the ones who want to consider a perspective of work
from Deleuze & Guattari writings. The passage is the transcription
of a question from an informal conversation among Guattari and other people
(brazilian and unidentified) in São Paulo on September 8th 1982.
Somebody asks Guattari the following question:
<P>"No trabalho que você e Gilles Deleuze fazem há uma coisa
que me irritaum pouco: vocês sempre se colocam como quem elabora
uma espécie de filosofia... não sei bem se anti-sitêmica
ou a-sistêmica. Em alguns momentos tenho a impressão de que
ela é na verdade a-sistêmica - isto é, não há
nenhum empreendimento de totalização, mesmo porque a totalização
seria até impossível. Em outros momentos tenho mais a impressão
de que se trata de um anti-sistemismo, uma anti-sistematização,
mas que ainda assim é filosofia. Não sei se você está
entendendo: o que quero dizer é que, efetivamente, há uma
espécie de liquidação da dialética. Vocês
dizem: 'A dialética não nos permite mais pensar ou, só
nos permite pensar por imagens - é exatamente esse pensamento por
imagem que é preciso superar'. Mas tenho a impressão de que,
apesar disso, a dialética se reintroduz de vez em quando e acaba-se
fazendo uma espécie de anti-sistemismo (o que seria o avesso de
um sistema) - e continuamos no sistema.
<P><B>Guattari</B>: "Sobre esse ponto, particularmente, não posso
responder por duas pessoas. Há dois tipos de funcionamento de desejo,
muito diferentes um do outro, nesse processo de escrita com Deleuze. Deleuze
é um filósofo, eu não sou filósofo. Eu monto
sinais referênciais, eu ensaio golpes como quem tenta dar golpes
em bancos - eu me aventuro em manobras de expressão num determinado
contexto, numa detrminada situação. Depois, abandono tudo
isso e vou fazer outra coisa, há com certeza um desejo filosófico
em Gilles, que não se inscreve absolutamente na tradição
da história da filosofia, mas que participa de um território
filosófico - em todo caso, os filósofos sãoda família
de Deleuze, e não da minha. Então creio que esse aspecto
de anti-sistemismo sistemático - se é que entendi direito
- é antes um fato de escrita, um fato de criação:
essa dimensão de obra de arte que o trabalho com Deleuze sempre
ganha. Portanto, em última instância, tenho vontade de te
dizer que essa questão não me diz respeito. Não sei
se tua irritação continua..."
<P>I don't know if this book have been translated into English. Anyway
as i said, it's very important to take into consideration before somebody
decides to write or speak about the work of Deleuze & Guattari, i think.
i'm sorry for posting it in Portuguese but to translate it would give me
a lot of work and i would like to share it with you at once.
<P>bye
<P>Rodrigo Borges de Faveri</HTML>
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